quarta-feira, 27 de maio de 2009

Convocação da 3ª APD


CONVOCAÇÃO DE DOM FÉLIX AOS FIÉIS DA DIOCESE DE LUZ
Dom Antônio Carlos Félix
Amados irmãos e irmãs em Jesus Cristo:



A Conferência de Aparecida significa para a América Latina ‘uma hora de graça’, um ‘novo Pentecostes’, um autêntico ‘acontecimento salvífico’ que pôs a Igreja, peregrina nestas terras, num estado permanente de missão (nº 547).

O Documento de Aparecida indica rumos para nossa ação pastoral e evangelizadora. Em vista da 3ª ADP, queremos refletir sobre dez linhas mestras para impulsionar a vida cristã e o dinamismo pastoral em nossos dias.

1. Viver a alegria de ser discípulo. O eixo da alegria perpassa todo o Documento de Aparecida. Não se trata de um sentimento qualquer, mas de um testemunho de vida. A alegria é um sacramento, uma confissão de fé. Chega de Igreja carrancuda e de murmuração. A alegria convence e atrai. Precisamos ser Igreja de atração.

2. Conversão pastoral. Passou o tempo da acomodação pastoral. Nada de retrocesso nem de conservadorismo. A conversão pastoral consiste em imbuir-se de espírito missionário e abandonar as estruturas caducas (nº 379). Perceber os sinais dos tempos, criar comunidades vivas, ter projetos pastorais são elementos da conversão pastoral.

3. Missão permanente. A Igreja deve estar em estado de missão, com audácia apostólica e criatividade missionária. As paróquias sejam missionárias e façam de cada fiel um missionário e da família um santuário. Missão corpo a corpo, de casa em casa até os confins do mundo. Assim acontecerá a missão continental proposta pela Conferência de Aparecida.

4. Primado da Palavra. A condição indispensável para sermos discípulos missionários é a escuta, a interiorização e o anúncio da Palavra de Deus. Ter sempre a Bíblia na mão. Na escola da Palavra surgirá a primavera da Igreja, aumentará o ardor missionário, acontecerá a conversão à santidade. A porta de entrada no santuário da Palavra é a leitura orante da Bíblia.

5. Experiência do encontro com Cristo. No início da vida cristã não está uma doutrina, nem uma ética, mas o encontro pessoal, a experiência transformadora e fascinante da amizade com Jesus Cristo amigo, salvador, profeta, Filho de Deus. Este encantamento levará à valentia apostólica.

6. Centralidade do Reino de Deus. Faz parte da missão e da promoção humana, a libertação, o respeito pela dignidade da pessoa. A Igreja está a serviço do Reino de Deus que é o Evangelho, o próprio Jesus, promovendo a vida, ensinando o amor, revelando o Pai. O Reino é o pão, o irmão e o Pai, como rezamos no Pai Nosso.

7. Ser Igreja da atração. A Igreja cresce pela atração, pela conversão de novos fiéis. Quanto mais santa, mais atraente, mais servidora, sendo casa e escola de comunhão, onde os pobres se sentem como em sua casa. Igreja discípula, samaritana, ecumênica, misericordiosa.

8. Prioridade da vida. A Conferência de Aparecida fez uma corajosa “opção pela vida” (nº 430). Ela nos ensina que somos discípulos missionários a serviço da vida (nº 549). Desde a vida no ventre materno, passando pelo meio ambiente, assumindo a vida nova em Jesus Cristo e com olhos fixos na vida eterna, a Conferência de Aparecida colocou a vida como prioridade. Ela convoca todos à cultura da vida e a sermos profetas da vida, porque o projeto de Deus é um projeto de vida (nº 144).

9. Formação dos discípulos missionários. Esta formação não é só doutrinal, mas existencial, envolvente a partir da iniciação cristã, com forte toque bíblico. É uma formação na ação, mediante o anúncio e o testemunho, que começa a partir do encontro marcante com Cristo. Escolas de formação são a oração e os grupos de reflexão.

10. Igreja: Comunhão e Participação. A partir da fé do povo, de sua religiosidade e solidariedade, nossa Igreja deve viver a espiritualidade da comunhão e participação, que realiza a integração entre fiéis, ministérios, pastorais, movimentos e comunidades, dando voz e vez a todos, imbuídos de caridade, respeito, diálogo e paz.

Nós da Diocese de Luz queremos ser Igreja: comunidade dos discípulos de Jesus, em missão, a serviço da vida, da família e da juventude. Por isso, convocamos nossos agentes de pastoral (sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas, seminaristas, leigos, leigas) dos ministérios, pastorais, movimentos e comunidades, para participarem em sua paróquia, com entusiasmo e responsabilidade, das atividades em preparação à 3a Assembléia, que tem seu início no dia 15 de fevereiro e terá seu cume no dia 13 de setembro de 2009. O bom êxito da 3ª ADP dependerá da participação ativa e co-responsável de todos: clero e fiéis, famílias e comunidades.

Durante o processo de realização da 3ª Assembléia, que nossa prioridade seja revisão da caminhada eclesial e aperfeiçoamento da ação evangelizadora da paróquia mediante a conversão pastoral, a ação missionária, a dinamização dos conselhos, as pequenas comunidades e a formação de lideranças com catequese adequada e liturgia bem celebrada. Só assim teremos a oportunidade: de nos conscientizarmos sobre nossa condição de discípulos missionários na família, na comunidade e na sociedade; e de renovarmos nosso compromisso de sermos uma Igreja viva que colabora na construção de uma sociedade justa e solidária, fundada no amor e na verdade, que é, de fato, sinal e instrumento do Reino de Deus.

Entretanto, para que esses nossos objetivos sejam concretizados, quero alertá-los para seis perigos que assolam a vida e a missão do discípulo e da discípula de Jesus Cristo em nosso tempo: rotina, mediocridade, omissão, apego, preocupação e idolatria.

O primeiro perigo é a rotina. A rotina é um caminho destrutivo, porque ela torna a vida sem graça, monótona, sem expectativa de melhora e de transformação. Ela é a morte do cotidiano, o desprezo dos valores e das maravilhas. Supera-se a rotina pela vivência intensa do momento presente, com a consciência de que o passado já se foi, o futuro ainda não existe e o presente é uma dádiva maravilhosa de Deus, que nos desafia a continuar a luta da vida.

O segundo perigo é a mediocridade. A pessoa medíocre não quer saber de aprender, participar, transformar. Vive na alienação, contenta-se com o menos, não quer compromisso. Opta por uma vida sem sacrifício, sem lutas, sem responsabilidade, com muita indiferença e desinteresse. A pessoa medíocre é inimiga da disciplina, gosta de gabar-se de seus pecados e de criticar e diminuir os outros. Contenta-se com a superficialidade. A mediocridade pode ser curada com a força de vontade, buscando convicções e conversão.

O terceiro perigo é a omissão. Omissão é deixar de fazer o que devemos e podemos, assim como fazer mal o que podemos fazer de um modo bem melhor. Omissão é fuga, escape, desinteresse, irresponsabilidade. O mundo seria outro se não fôssemos omissos e acomodados. A omissão pode ser vencida adquirindo o senso de justiça, a sensibilidade pelos outros, a compaixão pelo irmão e principalmente a autenticidade.

O quarto perigo é o apego, que é raiz do sofrimento moral. Nossas brigas, ciúmes, discórdias, divisões são frutos do apego. Quem é apegado vive numa prisão. É escravo da dependência. Não tem liberdade interior. Não é capaz de discernimento. O apego nos impele à posse dos outros, das coisas e de nós mesmos. Isso gera muito sofrimento porque precisamos defender nossos apegos. Quando perdemos o objeto do apego ficamos raivosos, tristes, decepcionados, porque somos escravos, dependentes, condicionados pelo apego. O único caminho para libertar-se do apego é abandonar o objeto de apego, cuja recompensa é a liberdade interior, que significa sermos livres do mal, para nos tornarmos livres para a prática do bem. Vencemos o apego pela consciência do seu negativismo.

O quinto perigo é a preocupação, porque antecipa problemas, aumenta as dificuldades, desgasta as pessoas e não resolve nenhum problema. O que resolve é a ocupação. Além de prejudicar a saúde, a preocupação dificulta a convivência, alimenta o negativismo, o estresse e agressividade. Resolvemos o problema da preocupação com a fé na Providência Divina, com a previsão das soluções, com bom senso e discernimento. Mais solução, menos preocupação.

O sexto perigo é a idolatria. É tudo o que colocamos no lugar de Deus e endeusamos. Hoje, os grandes ídolos são: o poder, o prazer e o ter desordenados. Quem adora o Deus vivo e verdadeiro obedece o mandamento do amor a Deus, busca crescer na fé, livra-se dos ídolos. Adorar em espírito e verdade é o ensinamento de Jesus Cristo.

Que Deus Pai nos abençoe! Que Jesus Bom Pastor nos conduza! Que o Espírito Santo nos ilumine! Que São Rafael Arcanjo nos proteja! Que Nossa Senhora da Luz interceda por nós! Amém!



Dado e passado na Catedral Diocesana de Luz, aos 15 dias de fevereiro de 2009.


+ Dom Antônio Carlos Félix
Bispo Diocesano de Luz

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